A Outra [Portuguese]

Sempre que se fala da outra, fala-se com raiva. Com dedos apontados e senten as prontas.
A outra sempre a vil . A destruidora de lares. A mulher sem princ pios que n o tem cora o.Mas... e se a outra fosse eu?
E se, por tr s da hist ria contada a preto e branco, existissem tons de cinzento que ningu m quis ouvir? E se a outra tamb m chorasse noite? Se tamb m sentisse medo, culpa, solid o? Se tamb m amasse - e n o apenas desejasse?Ningu m pergunta o que a outra sabe. Ningu m quer saber se ela sabia sequer. Se entrou por escolha... ou por engano. Se quis sair... mas j era tarde.
A outra n o tem direito ao amor. Mesmo que ame. Mesmo que se entregue em sil ncio, sem exig ncias. Mesmo que nunca tenha prometido nada, mas tenha sentido tudo.
Por vezes, a outra s algu m que se apaixonou pela pessoa errada no momento errado. Algu m que n o quis roubar, mas foi convidada a entrar. Algu m que se tornou confidente, abrigo, desejo - tudo o que faltava na vida dele. Mas nada do que podia ser assumido.
A outra aprende a amar nos bastidores. A viver margem. A esconder-se de si mesma, s vezes. Ela ouve promessas que talvez nunca se cumpram, mas acredita- porque sente. Porque o que existe entre eles, ainda que proibido, real. A outra n o santa mas nem sempre m . s vezes, apenas uma mulher que amou com verdade algu m que s podia amar pela metade. E n o, isso n o a desculpa. Mas tamb m n o a condena por inteiro.
Esta a voz que nunca se ouve. A vers o que nunca se conta. Esta a hist ria da outra - que podia ser tua amiga, tua irm , ou at tu.
Porque antes de ser "a outra", ela algu m que sente.